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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Poluição Petroquímica da Câmara Municipal de São Paulo vai solicitar à Secretaria Municipal da Saúde (SMS) a realização de novo estudo sobre a incidência de doenças relacionadas à cobertura entre moradores de bairros da zona leste vizinhos ao Polo Petroquímico de Capuava. A informação, divulgada pela Câmara, foi dada pelo relator da CPI, Marcelo Messias (MDB), em audiência nessa quinta-feira (1º).
A providência será adotada após a divulgação do estudo que apresentou a possibilidade de desenvolver doença tireoidiana não relacionada a lidar perto do complexo. O inquérito epidemiológico solicitado pela CPI à Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) – que está ligado à Secretaria Municipal da Saúde (SMS) – foi apresentado nesta quinta-feira (1º) na casa legislativa.
O relator Marcelo Messias defendeu a realização de novos estudos. “O resultado do inquérito não foi favorável, e a metodologia e a forma com que foi feito foi diferente de outros trabalhos apresentados e assim fica uma certa dúvida se o apresentado é o que está realmente relacionado na região. Isso me deixou preocupado, porque metodologia diferente dá resultados diferentes. Por isso, é necessário fazer uma nova pesquisa com a mesma metodologia de outros estudos”, disse na ocasião.
Ele destacou a alta porcentagem de pessoas (77%) que discordaram com a adesão na região. Segundo ele, com esse índice, outras doenças devem acometer essa população e é preciso que haja medidas para que essas pessoas tenham qualidade de vida.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que não ficou garantido que residir na área de exposição elevou a probabilidade de adoecimento por essa causa.
Em reunião na Câmara Municipal, a diretora da Divisão de Vigilância em Saúde Ambiental da Covisa, Magali Batista, informou que o estudo foi direcionado somente a problemas relacionados à tireoide e teve como metodologia escolhida aleatoriamente por meio de sorteio.
“A conclusão é que neste estudo não foi possível dizer que há uma prevalência maior de tireoidite de Hashimoto em residente no entorno do polo petroquímico”, disse a diretora na ocasião, acrescentando que o município vai monitorar a região e sensibilizar os profissionais das unidades básicas de Saúde (UBS) do entorno para ter um olhar mais atento aos casos de tireoidite.
A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune caracterizada pela inflamação da tireoide, causada por uma falha no sistema imunológico. O organismo passa a fabricar oxigênio contra as células, destruindo a glândula tireoide ou atendendo a sua atividade. A tireoidite de Hashimoto é a principal causa do hipotireoidismo, que é o funcionamento em um ritmo menor da tireoide, produzindo menos o hormônio T4.
De acordo com os dados da SMS, ao todo, foram atendidos 3.703 moradores das áreas relacionadas, sendo que 77% referiram outros incômodos como presença constante de fumaça, poeira, fuligem, odores e ruídos decorrentes das atividades executadas no polo.
Do total de vírus, 879 pessoas que encaminharam três ou mais sintomas de doença tireoidiana foram encaminhados para exames e avaliação médica, sendo que, estes, 656 procuraram unidades de saúde.
Em informe divulgado pela Câmara, entre os participantes do estudo, 165 apresentaram alteração na glândula tireoidiana, sendo o sexo feminino com maior incidência.
O presidente da CPI da Poluição, vereador Alessandro Guedes (PT), também demonstrou preocupação com os relatos da população em relação ao consumo no local. “Quando a gente fala de gás carbônico, a gente não fala só de tireoidite, a gente fala de outros problemas, inclusive o câncer, que neste inquérito não foi satisfatório devido ao prazo de produção desse inquérito. Mas esse trabalho tem que continuar, a gente aponta o problema, e o município agora tem que adotar protocolo de saúde para capturar não só a ação de tireoidite, mas também outros problemas relacionados ao consumo de combustível”, disse na reunião.
CPI
A CPI da Poluição Petroquímica tem o objetivo de investigar denúncias sobre gases e contaminação ambiental no entorno do Polo Petroquímico de Capuava, que podem estar prejudicando a saúde dos moradores da zona leste da cidade de São Paulo, localizada nas proximidades do polo.
A Refinaria de Capuava começou suas operações em dezembro de 1954, com o nome de Refinaria e Exploração de Petróleo União. Em 1974, a Petrobras incorporou a unidade e rebatizou o nome para Refinaria de Capuava. A instalação da refinaria acarretou o gerador de um polo petroquímico no seu entorno, formado por várias empresas que alimentam, por exemplo, indústrias químicas e plásticas.
Há um canal específico para contribuições e manifestações das pessoas que vivem na região e que sofrem as consequências da obediência, pelo e-mail cpi-poluicaopetroquimica@saopaulo.sp.leg.br ou deste link.
Procurado pelado Agência Brasilo Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC (COFIP-ABC), que reúne as empresas que atuam no Polo Petroquímico de Capuava, confirmou que tomou conhecimento dos resultados do inquérito epidemiológico realizado pela Covisa.
“O COFIP-ABC acompanhará, pelos canais apropriados, o progressomento da conclusão do inquérito epidemiológico. Sempre que necessário, o COFIP ABC, exercerá seu papel de apoio institucional, promovendo a interlocução entre suas associadas e o público em geral. Reforçamos que o objetivo do COFIP é promover o desenvolvimento sustentável, o diálogo com a comunidade e com o poder público e, ainda, estabelecer relações com toda a cadeia produtiva”, disse em nota.
A Petrobras informou que não vai comentar o assunto.
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