A consideração oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) poderá ficar negativa em junho e subir no segundo semestre, disse nesta segunda-feira (12) o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Em evento promovido pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), ele disse que o índice deve terminar o ano com melhora em relação às iniciais.
“Vai ter meses [com o IPCA] entre 0,4% e 0,5% no fim do ano, o que vai fazer com que a preservação no ano fique mais ou menos entre 4,5% e 5%, mais perto de 4,5%. Isso é uma melhora em relação ao que esperávamos, mas uma melhora lenta”, declarou Campos Neto.
Na edição mais recente do Relatório de Inflação, divulgada em março, a autoridade monetária prévia que o IPCA encerraria o ano em 5,8%. A edição desta segunda-feira do Boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras feitas pelo BC, apontava para 5,42% para o IPCA neste ano.
Segundo Campos Neto, a queda no preço das commodities (bens primários com cotação internacional) tem contribuído para a retenção. Ele, no entanto, advertiu que a média dos núcleos de tolerância (que excluem os preços com maior volatilidade) está caindo de forma mais lenta e continua mais alta que os índices finais.
“A gente ainda está com média de núcleos de 6,7%. A permanência no Brasil está bem menor que nos países avançados pela primeira vez na história. Isso significa que a gente tem um trabalho que foi feito que teve eficácia e que tem alguns itens na cobertura mais voláteis que positivamente”, disse o presidente do BC.
jurados
Durante o evento, Campos Neto recebeu diversos pedidos da presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Luiza Trajano, para começar a reduzir a Taxa Selic (juros básicos da economia). Segundo o presidente do BC, o comportamento do mercado financeiro, onde as taxas futuras caíram bastante nos últimos dias, favorecendo um afrouxamento da política monetária, mas não agora.
“A curva de juros futuros teve queda de quase 3% dependendo do prazo que você olha. Isso significa que o mercado está dando confiança ao que está sendo feito, o que abre espaço para atuação de política monetária na frente”, disse.
Para Campos Neto, existem boas surpresas na atividade econômica e na sobrevivência em 2023, apesar de a agropecuária ter puxado o crescimento econômico no primeiro trimestre. “Uma parte relevante do PIB [Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos no país] do primeiro trimestre veio da agricultura, mas os serviços vieram fortes também. O comércio e a indústria levaram a mostrar melhor”, disse.
Segundo Campos Neto, o desempenho da economia no primeiro trimestre abriu espaço para revisão para cima da expectativa de crescimento em 2023. “Com o número do primeiro trimestre vai ficar difícil a revisão parar por aí. Muito provavelmente, vamos ter revisão mais para perto ou acima de 2% [de crescimento] por efeito-base do primeiro trimestre”, afirmou.
No Relatório de Inflação de março, o BC estimava crescimento de 1,2% para o PIB. Na edição desta segunda-feira do boletim Focus, as instituições financeiras projetam expansão de 1,84%.
Categoria Economia