Jovens combatentes sofrem ferimentos graves todos os dias no confronto contra o exército de Vladimir Putin
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Internacional | Do R7
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Ao longo de uma estrada, ao entardecer, uma equipe médica das forças ucranianas aguarda a chegada dos blindados com feridos dos confrontos em Bakhmut, palco dos mais longos e sangrentos embates na guerra da Ucrânia. Centralizados em um vilarejo próximo à linha de frente, estes socorristas cuidam de soldados feridos e realizam cuidados emergenciais como suturas, traqueostomias e drenagem de pulmões cheios de sangue após um trauma
ARIS MESSINIS/AFP – 23.03.2023
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Os feridos são levados para hospitais nas zonas rurais onde são estabilizados e, posteriormente, hospitalizados na cidade mais próxima, Kramatorsk. Quando são acionados, a equipe corre para as estradas empoeiradas ao redor de Chasiv Yar, uma cidade sob a mira da pesada artilharia russa. Após uma conversa por rádio, dois veículos blindados chegam ao local. As equipes de resgate descarregam quatro pessoas. Um dos feridos apresenta cor pálida, mas ainda consegue andar. O outro, deitado em uma maca, reclama de dor ao mesmo tempo em que faz um ‘V’ de vitória com os dedos
ARIS MESSINIS/AFP – 23.03.2023
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Já no segundo veículo, uma pessoa não sobreviveu. Por precaução, seu corpo foi colocado em uma sacola preta. Ao seu lado, um soldado caminha com dificuldade e sofre com uma concussão. As equipes de resgate transferem rapidamente as vítimas para suas ambulâncias e partem em alta velocidade, às vezes saindo da rodovia para cortar caminho
ARIS MESSINIS/AFP – 23.03.2023
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Andri, um socorrista de 30 anos era cirurgião maxilofacial antes da guerra. Ele se alistou em março de 2022, logo após o início da invasão russa em seu país. Visivelmente comovido pela morte de um dos feridos, ele conta que a vítima morreu pela hemorragia em um ferimento na perna. “Não o conhecia, mas era jovem. O ferimento era muito grave”, observa. “É um dia normal para nós. Não é normal que o soldado tenha morrido, mas todo o resto é a nossa vida diária”, continua
ARIS MESSINIS/AFP – 23.03.2023
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Andri atuou em diversas áreas de conflitos intensos durante um ano, como Lisichansk, a cidade oriental dominada pela Rússia no ano passado, ou Kherson, capital da região que as forças ucranianas libertaram em novembro de 2022. Mas os confrontos em Bakhmut são os piores, afirma. “Temos amputações, muitas lesões cranianas e abdominais”, detalha, explicando que a maioria das amputações ocorre nos braços. O anestesista do grupo, que se apresenta sob o pseudônimo de “Marik”, explica que dois dos soldados feridos foram atingidos por estilhaços nos braços, mas que a equipe de resgate conseguiu cuidar do sangramento e restabeleceu suas circulações sanguíneas, portanto não eles correm o risco de serem amputados
ARIS MESSINIS/AFP – 23.03.2023
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A unidade médica pertence ao famoso batalhão nacionalista “Da Vinci”, cujo jovem comandante Dmitro Kotsiubailo, considerado como um herói nacional, morreu este mês na linha de frente. A repercussão fez com que o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, fosse ao local recolher seus restos mortais para a realização de uma homenagem solene no centro de Kiev. A equipe de resgate passa dias e noites em um pequena barraca. Quando não estão atuando no campo, eles descansam, aproveitam a internet por meio de uma antena StarLink e ouvem música enquanto tomam chá e limpam suas ambulâncias. Quando uma chamada de emergência chega, eles correm para os veículos. Liana, uma enfermeira de 25 anos que se alistou em 2019, explica que tenta não pensar em nada para não se deixar afetar pelos mortos. Tento manter “a cabeça fria”, conta ela
ARIS MESSINIS/AFP – 23.03.2023
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