A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou nesta quarta-feira (17), Dia Internacional de Combate à LGBTfobia, um relatório do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+. Segundo o trabalho, houve 76% mais casos de homofobia no futebol do Brasil (dentro e fora de campo) em 2022, na comparação com o ano anterior.
Segundo o Anuário do Observatório do Coletivo, foram registrados 74 episódios de preconceito contra a comunidade LGBTQIAP+ no ano passado, ante 42 em 2021. Em 2020, quando teve início a pandemia da covid-19 e os campeonatos ficaram paralisados por tempo significativo, o relatório resultou em 20 casos de homofobia.
“São casos que se repetem toda semana, é uma luta complexa e desafiadora. Há clubes que já detectam isso e trabalham o tema com seus jogadores, funcionários e torcedores. Mas ainda é insuficiente. A LGBTfobia é um mal social que se alastra em todos os ambientes, em especial no futebol. Essa intolerância motivada por ódio e descrevo é profundamente violenta e deixa marcas profundas. coletivo, em depoimento ao site da CBF.
Vamos nessa construção!
https://t.co/Uch635RLNS — Canarinhos LGBTQ+ (@Canarinhoslgbt) 17 de maio de 2023
Conforme o relatório, os episódios de 2022 passam por xingamentos em campo, cânticos nos estádios e comentários ofensivos. O estudo também aborda o trabalho realizado pelo coletivo para dialogar com órgãos e entidades com atuação no futebol nacional, como a própria CBF, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e o Ministério Público.
“Há nitidamente uma nova lógica de pensar o futebol e a forma com que ele se relaciona com a sociedade. Um passo importante que precisa ser dado é a construção de um protocolo que padroniza e orienta de forma direta como todos os árbitros do Brasil devem agir diante de cada situação de identificação.
Passível de punição
O Regulamento Geral de Competições (RGC) da CBF de 2023, publicado em fevereiro, indica a possibilidade de punição esportiva a um clube em caso de dispensa. O artigo 134 do RGC prevê como compensações: compensada, multa pecuniária de R$ 500 mil, vedação de registro ou de transferência de atletas e até perda de pontos.
“Considera-se de extrema gravidade a infração de cunho discriminatório praticada por dirigentes, representantes e profissionais dos Clubes, atletas, técnicos, membros da Comissão Técnica, torcedores e equipes de arbitragem em competições coordenadas pela CBF, especialmente lesando alguém, ofendendo-lhe a originou ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia, procedência nacional ou social, sexo, gênero, deficiência, orientação sexual, idioma, religião, opinião política, fortuna, nascimento ou qualquer outra forma de reconhecimento que afronte a humana , diz o parágrafo 1º do artigo.
Por respeito, respeitada, pelo direito de amar livremente. Toda pessoa tem direito à vida e à proteção do Estado. No Dia Internacional de Combate à LGBTfobia, o #Galo reforçar a luta contra o preconceito e pede ao torcedor que não entoe cânticos homofóbicos no estádio. Pedimos… pic.twitter.com/RnxmCxDXKr
— Atlético (@Atlético) 17 de maio de 2023
Caso de polícia
No último domingo (14), os torcedores do Corinthians entoaram cânticos de tom homofóbico durante o clássico contra o São Paulo, na Neo Química Arena, na capital paulista, pelo Campeonato Brasileiro. O árbitro Bruno Arleu de Araújo registrou, na súmula da partida, que interrompeu o confronto aos 18 minutos do segundo tempo, devido à manifestação da torcida.
A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para investigar perfis em redes sociais que conseguiram incentivar ações homofóbicas durante a partida. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) informou que a Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) trabalha para identificar os usuários. O Ministério Público paulista também apura os fatos de domingo (14).
LGBTfobia é crime!
O Botafogo aproveita os dados para se posicionar totalmente contra gestos e cantos homofóbicos nos estádios. O Clube acredita que o futebol tem papel importante e educativo na sociedade e deve servir de exemplo para a evolução e inclusão em todos os segmentos.… pic.twitter.com/11OXq7ylMK
— Botafogo FR (@Botafogo) 17 de maio de 2023
Clubes se manifestam
Ao longo desta quarta, alguns clubes do futebol brasileiro se manifestaram a respeito do Dia de Combate à LGBTfobia. Até a publicação desta matéria, 12 dos 20 times da Série A do Brasileirão publicaram mensagens sobre o tema: Santos, São Paulo, Corinthians, Red Bull Bragantino, Atlético-MG, Athletico-PR, Cruzeiro, Fluminense, Vasco, Botafogo, Fortaleza e Bahia.