A Justiça Federal do Amazonas manteve a prisão de quatro suspeitos de integrar uma quadrilha de pesca ilegal em áreas indígenas do Vale do Javari, no Amazonas. O grupo é suspeito de envolvimento nos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.
Pereira e Phillips foram mortos a tiros e tiveram os corpos queimados e enterrados durante uma expedição no Vale do Javari, que é palco de conflitos que têm se alastrado pela floresta: tráfico de drogas, roubo de madeira e avanço do garimpo.
A decisão do juiz Fabiano Verli, da Vara de Tabatinga, é de terça-feira (22). Ele manteve a detenção de Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado; Amarílio de Freitas de Oliveira, filho de Amarildo; Laurimar Lopes Alves; e Jânio Freitas de Souza.
Para o juiz, o crime é sério e mostra um panorama de ‘desordem’ e ‘vale-tudo’ no Vale do Javari:
“Como tenho dito faz algum tempo, há uma tendência de as apreensões serem de toneladas de peixes nesta área. A pesca ilegal é um grande negócio, embora insustentável, claro”, disse o juiz, que continuou:
“A possibilidade de não se manter à disposição da Justiça é tentadora, até porque não vejo vínculos profissionais fortes e estáveis dos presos com o local”, concluiu o magistrado.
No início do mês, o juiz já havia determinado a transferência de Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, para um presídio federal. O magistrado apontou o “receio de queima de arquivo” e também negou um pedido da defesa para que os envolvidos fossem mantidos em presídios de Manaus.
Além de Amarildo, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Dantos”, e Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”, estão presos em uma unidade prisional da capital amazonense.
O crime
Bruno e Dom desapareceram quando faziam uma expedição para uma investigação na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez no dia 5 de junho, quando passavam em uma embarcação pela comunidade de São Rafael. De lá, seguiam para a cidade de Atalaia do Norte. A viagem de 72 quilômetros deveria durar apenas duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino.
Os restos mortais dos dois foram achados em 15 de junho. As vítimas teriam sido mortas a tiros e os corpos, esquartejados, queimados e enterrados. Segundo laudo de peritos da PF, Bruno foi atingido por três disparos, dois no tórax e um na cabeça. Já Dom foi baleado uma vez, no tórax.
A polícia achou os restos mortais dos dois após Amarildo da Costa Oliveira confessar envolvimento nos assassinatos e indicar onde os corpos estavam.