No dia em que assume a liderança temporária do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou seu compromisso em buscar uma política de ganha-ganha com a União Europeia. Durante seu programa semanal, “Conversa com o presidente”, realizado em Puerto Iguazú, na Argentina, Lula reforçou sua posição contrária às exigências impostas pelos países europeus, classificando-as como inaceitáveis.
O presidente enfatizou que o objetivo do encontro é discutir o futuro do Mercosul e o aprimoramento das relações entre Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia, além de preparar uma proposta de acordo com a União Europeia. No entanto, Lula ressaltou que a resposta inicial enviada pelo bloco europeu, contendo algumas condições impostas, não foi aceita pelo Mercosul. Agora, estão sendo elaboradas alternativas para uma nova resposta.
Lula destacou a importância de estabelecer uma política de ganha-ganha, evitando que um dos lados saia prejudicado. Um exemplo mencionado pelo presidente foi a demanda europeia de abertura do mercado brasileiro, o que poderia impactar negativamente as pequenas e médias empresas nacionais e resultar na perda de empregos. Lula argumentou que é fundamental preservar e fortalecer essas empresas, em vez de privilegiar as estrangeiras.
Energias Limpas
Além das questões comerciais, Lula abordou as condições impostas pela União Europeia ao Mercosul em relação às energias limpas. Ele ressaltou que o Brasil possui autoridade moral para tratar desse tema, já que o país vem trabalhando para reduzir o desmatamento, proteger terras indígenas, florestas e reservas florestais. Lula enfatizou que 87% da matriz energética brasileira é renovável, enquanto a média mundial é de apenas 27%.
Meio Ambiente
O presidente reafirmou o compromisso brasileiro de alcançar o desmatamento zero até 2030 e defendeu um acordo de parceria estratégica entre Brasil e União Europeia, baseado no diálogo e na busca por interesses comuns. Lula ressaltou que não aceitará imposições unilaterais e reiterou que as negociações devem ser pautadas pelo respeito mútuo. Ele criticou a postura dos países ricos, que não têm cumprido acordos internacionais sobre meio ambiente, como o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris.
O presidente encerrou afirmando que a carta inicial enviada pela União Europeia foi considerada inaceitável e que é necessário buscar soluções que sejam benéficas para todos os envolvidos: europeus, latino-americanos, Mercosul e Brasil.