Montagem das cestas entregues ao povo Yanomami diante da grave crise humanitária — Foto: Arquivo pessoal

Montagem das cestas entregues ao povo Yanomami diante da grave crise humanitária — Foto: Arquivo pessoal

Em situação de emergência devido à grave crise humanitária causada pelo avanço do garimpo ilegal, o povo Yanomami tem recebido, nos últimos 20 dias, atendimentos de saúde e alimentos nas comunidades. A comida tem chegado em cestas preparadas com alimentos saudáveis e culturalmente adequados, como paçoca de carne seca, goma tapiocaflocão de milho e até sardinha em lata, tendo em vista que não há mais peixe nos rios contaminados por garimpeiros.

Grande parte do alimento deixado nas comunidades é resultado de campanhas de doações feitas em prol do povo Yanomami. Os produtos são levados de avião pela Força Aérea Brasileira (FAB), que, até essa sexta-feira (10), havia deixado no território 4.090 cestas básicas, o equivalente a 82 toneladas.

Sardinha, farinha, arroz, feijão e leite compõe a cesta básica dada aos Yanomami — Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

As cestas básicas montadas para o povo Yanomami tem 21 kg e são compostas por oito itens, como arroz, farinha de milho e leite (veja a lista completa abaixo). As doações são as mesmas para todas as comunidades e alimenta cinco membros de uma família por um período de 10 dias.

A sardinha enlatada é o item em maior quantidade na lista, com 20 unidades de 125 gramas, cada. Já a paçoca de carne seca, prato típico da cultura indígena em Roraima, são 8 kg no total.

Itens da cesta básica Yanomami

Produto Quantidade
Sardinha 20 latas de 125 g
Paçoça de carne seca 8 kg
Goma de tapioca 4 pacotes de 500 g
Leite em pó 3 pacotes de 400 g
Arroz 3 kg
Farinha de mandioca amarela 3 kg
Flocão de milho 1 kg
Amendoim com casca 1 kg

Os alimentos que compõem a cesta foram definidos em nota técnica assinada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, e elaborados “considerando o alto índice de déficit nutricional e de insegurança alimentar” na Terra Yanomami.

“A demanda mais urgente é por distribuição de alimentos saudáveis e culturalmente adequados, os quais são indispensáveis para a recuperação nutricional das crianças”, pontua trecho da nota técnica.

 

Para definir os itens da cesta, foram consultadas lideranças das organizações indígenas do povo Yanomami e especialistas em nutrição. Eles consideraram a qualidade e valor nutricional de cada produto, bem como as limitações de armazenamento.

Caixa com cestas básicas é jogada de avião para indígenas Yanomami — Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

A estimativa da Funai é que, conforme levantamento feito, para atender todas as famílias Yanomami das regiões consideradas prioritárias para recebimento de cestas, serão necessárias 12.692 cestas mensais.

Entre os doadores de alimentos para as cestas estão o grupo Ação Cidadania, a Central Única das Favelas (Cufa) e a Frente Nacional Antirracista.

A situação mais grave está na parte norte, onde está a maior concentração de garimpo no Território Yanomami — Foto: Paulo Zero

SAIBA MAIS:

O trabalho de entregas das cestas no território é coordenado pelo Ministério da Defesa e executado pela FAB. A montagem, preparação e entrega dos suprimentos fazem parte de um trabalho conjunto com o Exército Brasileiro.

Prontos na Funai, os kits são enviados ao território por cinco aeronaves (C-98 Caravan, C-97 Brasília, C-105 Amazonas, C-130 Hércules e KC-390 Millennium), que realizam os lançamentos aéreos com paraquedas, em função do difícil acesso à região, e helicópteros, em especial o H-60 Black Hawk.

O avião parte de Boa Vista e deixa os alimentos em Surucucu, onde há um pelotão do Exército e também o posto de saúde considerado de referência na região. O g1 acompanhou um destes sobrevoos que realizaram os lançamentos dos kits.

Ponto do vídeo, 0 minuto e 0 segundo.

Com rios poluídos e sem peixes, indígenas Yanomami recebem cestas básicas com sardinhas en

Além disso, a FAB viabilizou 37 ações de transporte de pacientes foram feitos em helicópteros. Os militares já realizaram mais de 1.116 atendimentos médicos e acumulam mais de 340 horas de voo em trabalho de ajuda humanitária.

Situação Yanomami

A Terra Yanomami tem mais de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados de Amazonas e Roraima, onde fica a sua maior parte. São cerca de 30 mil mil indígenas vivendo na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.

A presença do garimpo, principalmente nos últimos quatro anos, na gestão de Jair Bolsonaro, provocou a disseminação de doenças, levando a um cenário de crise humanitária.

Por isso, a região está em emergência de saúde desde 20 de janeiro e inicialmente por 90 dias, conforme decisão do governo Lula. Órgãos federais auxiliam no atendimento aos indígenas.

O Ministério da Saúde afirma que a gestão de Bolsonaro (PL) não cumpriu solicitações para atender os indígenas doentes nas comunidades e estima que 570 crianças morreram de causas evitáveis nos últimos quatro anos.

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, há 22 suspeitas de omissões do governo anterior no combate à tragédia Yanomami.

O Supremo Tribunal Federal apura se o governo Bolsonaro prestou informações falsas sobre assistências oferecidas ao povo Yanomami. O ministro Luís Roberto Barroso determinou que autoridades sejam investigadas por suspeita de crime de genocídio.

Participação.

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