Embora idade seja comumente entendida como período – medido em anos – que você está vivo, órgãos e tecidos podem envelhecer em velocidades diferentes. Isso significa que sua idade biológica pode não ser necessariamente igual à sua idade cronológica. É o que aponta pesquisa de cientistas da Universidade de Melbourne, na Austrália.
Pesquisa, publicada na revista científica Nature Medicine, mostra que dá para medir facilmente a idade biológica do cérebro e do corpo de uma pessoa. E a idade biológica de alguns sistemas de órgãos pode diferir da idade cronológica da pessoa. Esse desvio pode informar sobre risco de doença crônica e mortalidade prematura, segundo pesquisadores.
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Relógio de idade dos órgãos
Este relógio diz se a saúde e a função do cérebro, coração, pulmões e outros sistemas de órgãos de uma pessoa parecem mais velhos ou mais jovens do que sua idade cronológica. Por exemplo, uma pessoa de 40 anos pode ter cérebro que se parece mais com o de uma pessoa de 50 anos. Nesse caso, dá para dizer que o cérebro da pessoa parece dez anos mais velho que sua idade cronológica.
No estudo, pesquisadores estabeleceram relógios de idade de órgãos para o cérebro e sete sistemas corporais, incluindo cardiovascular, pulmonar, musculoesquelético, imunológico, renal, hepático e metabólico, em mais de 100 mil adultos que participaram do “Biobanco” do Reino Unido – banco de dados com informações genéticas e de saúde detalhadas.
Em seguida, cientistas usaram exames cerebrais de ressonância magnética (MRI) e medidas de uma gama ampla de exames físicos, fisiológicos, de sangue e urina, disponíveis na maioria dos ambientes clínicos.
Ritmo de envelhecimento dos órgãos
Estudo revelou diversos padrões de envelhecimento de órgãos. No entanto, o envelhecimento de diferentes sistemas de órgãos estão intimamente conectados.
Curiosamente, encontramos uma rede de envelhecimento de múltiplos órgãos, onde a idade de um sistema orgânico influencia seletiva e caracteristicamente o envelhecimento de outros sistemas orgânicos. Portanto, se os pulmões de uma pessoa parecem mais velhos do que sua idade cronológica, é mais provável que seu coração, rins, ossos e músculos, assim como seu cérebro, também pareçam mais velhos.
Ye Ella Tian e Andrew Zalesky, da Universidade de Melbourne (Austrália), em artigo
Pesquisa também mostrou que idade do cérebro é mais influenciada pela idade dos pulmões e do coração, enquanto o sistema músculo-esquelético é um centro de rede – influenciado pela extensão do envelhecimento da maioria dos outros sistemas de órgãos.
Idade dos órgãos e risco de doenças crônicas
Por mais que idade cronológica seja fator de risco comum para doenças crônicas, pessoas na mesma idade cronológica podem apresentar riscos variados dessas condições crônicas de saúde, segundo a pesquisa.
Estudo descobriu que idade avançada dos órgãos aumenta significativamente risco de doenças crônicas e que doenças crônicas são caracterizadas por perfis únicos de envelhecimento dos órgãos.
Por exemplo, onde a idade avançada do cérebro (ou seja, um cérebro de aparência mais velha) abre margem para maioria dos principais distúrbios cerebrais – esclerose múltipla, demência e parkinson, por exemplo – pessoas com distúrbios não cerebrais, como diabetes e doença renal crônica, também mostraram significativamente idade avançada do cérebro.
Pesquisa se debruçou sobre 16 doenças crônicas comuns. Entre elas, estavam: esclerose múltipla, AVC (Acidente Vascular Cerebral), demência, depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, doenças hipertensivas, diabetes, cirrose, osteoartrite, osteoporose e câncer.
Como manter cérebro e corpo jovens
Estudo mostrou que tabagismo, ingestão de álcool, comportamento sedentário, falta de sono, poluição do ar e desigualdade socioeconômica estão ligados a um cérebro e corpo que parecem mais velhos.
Felizmente, vários desses fatores são modificáveis, permitindo que você reduza a idade do cérebro e do corpo.
Em contraste, as pessoas que têm um peso maior ao nascer, ensino superior, exercícios regulares e vivem em áreas com maior cobertura de espaços verdes e ambientes naturais tendem a ter um cérebro e corpo de aparência mais jovem.
Próximo passo para nossa pesquisa é investigar se a modificação desses fatores pode retardar taxa de envelhecimento dos órgãos e reduzir o risco de doenças crônicas e mortalidade prematura.
Ye Ella Tian e Andrew Zalesky, da Universidade de Melbourne (Austrália), em artigo
Por ora, conselho dos pesquisadores para quem está preocupado com a saúde dos órgãos é: faça check-up com seu médico e tente cuidar bem do seu corpo por meio de um bom estilo de vida – pelo bem de seus órgãos.
Com informações de Nature Medicine
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O post Você se sente mais velho do que realmente é? Estudo explica motivos apareceu primeiro em Olhar Digital.