O Rio Negro, que recentemente impôs a Manaus a pior seca registrada em mais de 120 anos, agora mostra sinais de recuperação com uma tímida, mas significativa, elevação em seu nível. De acordo com dados do Porto da capital, em apenas uma semana, as águas do rio subiram 69 centímetros, atingindo 13,65 metros na última sexta-feira (24).
A seca histórica deste ano teve impactos severos, isolando comunidades rurais, fechando escolas e alterando a paisagem urbana. A elevação recente traz um alívio gradual para a região, marcando uma reviravolta após mais de 130 dias de vazante, iniciando timidamente sua recuperação em outubro.
O fenômeno conhecido como “repiquete”, caracterizado pelo movimento oscilante das águas, atrasou a retomada do nível do rio. A mudança no cenário ocorreu em 18 de novembro, quando o Porto começou a registrar uma elevação nas águas. Os números revelam o progresso diário desde então, indo de 2 cm a 18 cm, indicando uma recuperação constante.
Além de Manaus, a cidade de Barcelos, também banhada pelo Rio Negro, experimentou um aumento de 4 centímetros nos últimos cinco dias. A retomada do nível das águas permitiu a reabertura da rota de navios cargueiros, crucial para o abastecimento da Zona Franca de Manaus com matérias-primas essenciais para a produção industrial em diversos segmentos do Polo Industrial.
Acredita-se que as chuvas nas regiões do Alto Solimões e Alto Rio Negro tenham contribuído para a elevação das águas. Contudo, as projeções meteorológicas indicam que as tempestades podem ser menos intensas neste ano devido aos efeitos do El Niño, que aquece o Atlântico Tropical Norte e eleva as temperaturas. Esse fenômeno deve persistir até abril do próximo ano, segundo as previsões. O aumento gradual nas águas do Rio Negro é recebido como um sinal positivo para a recuperação ambiental e econômica da região afetada pela severa seca.