Presente em muitos Estados da Região Norte, a lenda da cobra grande possui várias versões e mexe com o imaginário popular, além de também fazer parte do folclore amazônico.
As lendas são parte do imaginário popular e são passadas de geração por geração com o intuito de explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Na região amazônica, existem lendas como a docurupira, do boto-cor-de-rosa e da sereia Iara . Mas uma das lendas bastante narrada por ribeirinhos e comunidades do interior dos estados da região é a da cobra grande.
Alenda da cobra grande, também conhecida como “Boiúna”, possui várias versões e alguns habitantes antigos de cidades do interior acreditam que ela fica adormecida no subsolo das cidades, principalmente embaixo de igrejas

Versões da lenda
Dos diversos relatos da lenda, um dos mais contados é que uma mulher de uma tribo amazônica costumava matar e devorar crianças (semelhante à história de João e Maria, mas sem os doces) e os indígenas indignados resolveram jogá-la no rio. Como “vaso ruim não quebra”, diz o ditado popular, ela não morreu. Mas isso só aconteceu porque foi salva por uma espécie de demônio chamado de Anhangá. Eles casaram e tiveram um filho, que foi transformado em cobra para que pudesse viver no fundo do rio.
Essa criança, agora cobra, cresceu e ficou gigantesca. Com isso, a popular cobra grande começou a assustar e aterrorizar ribeirinhos. A lenda também conta que com a morte de sua mãe, a cobra ficou tão enfurecida que resolveu viver em um estágio de sono profundo embaixo das cidades grandes.
Outra versão popular é a que conta que em uma certa tribo indígena da Amazônia, uma índia, grávida da “Boiúna”, deu à luz a duas cobras gigantes gêmeas. Maria, má, atacava os barcos, naufragando-os. E cansado das maldades da irmã, Honorato a mata e se esconde nos rios buscando alguém com coragem para quebrar o encanto e ajudá-lo a se tornar ser humano.
Em Itacoatiara (Amazonas)
Distante 269 km de Manaus, a cidade de Itacoatiara (AM) se destaca por possuir a lenda da cobra grande enraizada na cultura do município. Com quase 150 anos de fundação, a lenda da cobra grande surgiu desde os tempos dos colonizadores, quando trouxeram a imagem de Nossa Senhora do Rosário de Serpa. Serpa significa serpente.

O município de Itacoatiara também é conhecido como “Velha Serpa”. Foto: Reprodução/Rede Amazônica AM
Em Belém (Pará)
Como dito anteriormente, a lenda tem várias versões e às vezes a mesma história pode ser atribuída à diferentes lugares. Em Belém, capital paraense, acredita-se que a cobra vive adormecida embaixo da cidade, entre os bairros da Cidade Velha e Nazaré, onde a cabeça do animal estaria na Catedral da Sé e seu corpo terminaria na Basílica de Nazaré.

A lenda afirma que caso a cobra grande acorde, a capital paraense iria para o fundo do rio. Alguns moradores mais antigos acreditam que ela já se movimentou algumas vezes, ocasionando tremores de terra. E ainda, relatam que a cobra grande acordaria caso não houvesse oCírio de Nazaré.

O Círio é a maior manifestação católica do Brasil e um dos maiores eventos do mundo. Foto: Fabrício Coleny/Círio de Nazaré
Em 2020, com a pandemia de Covid-19 e o cancelamento da celebração do Círio, muitos moradores – especialmente os que acreditam na lenda – acreditavam que o município ia afundar devido o despertar da cobra grande, porém, a cidade continua de pé. Ainda há quem diga que a corda da procissão é a representação da cobra grande.
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Presente no folclore parintinense

Foto: Reprodução/Arquivo/Prefeitura de Parintins
Mundialmente reconhecida por seu folclore, o município de Parintins, no interior do Amazonas, homenageia a cobra grande em diversos festivais ao longo dos anos. E você, conhece algum outro lugar onde há a aparente presença da cobra grande?
Fonte: Portal Amazonia.com